8

CNTS chama atenção ao Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

Não deveria importar a cor que identifica alguém, nem ser motivo de alarde a origem étnica das pessoas. Ser branco ou negro só mostra o que está por fora, nunca por dentro. No entanto, evidentemente, a cor da pele já foi usada para justificar muitas atitudes violentas, políticas discriminatórias e abusivas contra milhares de pessoas. E é por isso que datas como 21 de março, que marcam o Dia Internacional contra Discriminação Racial, não podem passar batidas.

É necessário – e urgente – falar sobre o assunto, com regularidade e humanidade. É assim que se combate uma das maiores mazelas da sociedade, a discriminação.

Embora discriminação racial seja referente a qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional, segundo definição presente no Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial; é de senso comum que os mais afetados por esse tipo de discriminação são os negros e as minorias, como os índios e orientais.

Basta saber, por exemplo, que o dia 21 de março foi escolhido pela Organização das Nações Unidas – ONU para a luta contra a discriminação racial justamente porque foi nesse dia que ocorreu o Massacre de Shaperville, em 1960. Na época, manifestantes saíram às ruas para protestar contra a “Lei do Passe”, que impedia negros de circularem em alguns lugares, na África do Sul. Nesse dia, 69 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

Discriminação no Brasil – Atualmente, no Brasil, a população negra é a maioria entre os indivíduos com mais chance de serem vítimas de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência 2017. De cada 100 pessoas assassinadas no país, 71 delas são negras.

Segundo o Mapa da Violência de 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, o assassinato de mulheres, conhecido como feminicídio, também atinge mais a população negra.

De 2003 a 2013, o crescimento nos homicídios de mulheres negras teve crescimento de 54%, enquanto entre as brancas caiu 10% no mesmo período.

Dados do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, mostram que as negras são as maiores vítimas de violência doméstica, representando 58,68% dos casos. No mercado de trabalho a discriminação racial também é bem evidente.

A taxa de desemprego é maior entre negros e pardos, ficando em torno de 14,4% (negros) e 14,1% (pardos), acima da média nacional. O salário deles também é mais baixo, segundo levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 4° trimestre de 2016).

Para ter uma renda equivalente serão necessários 72 anos, de acordo com a pesquisa “A Distância que nos une – Um retrato das Desigualdades Brasileiras”, da ONG Oxfam.

Caminhos para combater o racismo no Brasil – Periodicamente a mídia relata casos de pessoas negras, entre famosos e anônimos, que foram atingidas pelo racismo. Diante disso, percebe-se que grande parte da população ainda pensa que o fato de possuir uma maior quantidade de melanina na pele determina uma inferioridade, mesmo sendo provado por cientistas que a cor da pele não atribui ao indivíduo uma menor capacidade racional e física.  É evidente que o preconceito com o negro está presente na sociedade brasileira, e isso não pode ser encarado como normal e deve ser erradicado. Para que isso ocorra, é necessário que o governo federal fiscalize de forma efetiva os casos de racismos, punindo os infratores e garantindo a segurança das pessoas. Além disso, é preciso que o Ministério da Educação melhore o ensino acerca da população africana, para que as pessoas aprendam desde pequenos que não há diferença entre indivíduo da cor branca e negra. Para isso, deve mudar a realidade do país, onde 24% das escolas públicas brasileiras ou 12 mil unidades educacionais, não têm projetos temáticos que discutam o racismo no Censo Escolar de 2015.  

Esse número, extraído do levantamento mais recente disponível, aumenta quando o assunto é a desigualdade social, tema que 40% das escolas não abordam em suas atividades pedagógicas.

Também é imprescindível a participação da sociedade, que, por meio de mobilizações e manifestações, deve se conscientizar e mudar esse cenário. Immanuel Kant disse que o ser humano não é nada além daquilo que a educação faz dele, e são com esses passos primordiais que o Brasil caminhará a uma nação que respeita todas as pessoas. (Com Geledes)

CNTS

Deixe sua opinião

Enviando seu comentário...
Houve um erro ao publicar seu comentário, por favor, tente novamente.
Por favor, confirme que você não é um robô.
Robô detectado. O comentário não pôde ser enviado.
Obrigado por seu comentário. Sua mensagem foi enviada para aprovação e estará disponível em breve.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *